O tempo e seu caráter relacional: ensaio de um aprendizado com um preto velho

Observação: Este texto é um artigo científico, apresentado em dezembro de 2016 na I Jornada de Estudos Negros da Universidade de Brasília, por Guilherme Nogueira, Tata Mub’nzazi – Kambondo Mabaia de nossa casa. Guilherme é Mestre em Ciências Sociais e Doutorando em Sociologia pela Universidade de Brasília. O texto completo, publicado nos anais do evento, pode ser acessado e baixado em formato .pdf neste link.

Resumo: Este ensaio debate o tempo como categoria, comparando sua configuração moderna com a afrorreligiosa. A modernidade, escorada em seu ideário progressista e em sua intrínseca crença de superioridade como arranjo social, apaga o passado para falar do futuro e entende que a história se constrói do zero, com ações no presente. Esta forma de ver o tempo difere em muito da compreensão tradicional centro-africana, ou – revisitada no Brasil da colonialidade – afro-ameríndio-religiosa. É isso que nos ensina Pai Guiné de Aruanda, preto-velho da Umbanda, versado no culto aos inquices congo-angolanos e figura central na chegada do Candomblé Angola às Minas Gerais (Brasil). O tempo, conforme explica, é uma relação inexorável entre passado, presente e futuro, que, cultuado como a divindade Ktembu, representa o mundo. A perda desta compreensão pela modernidade está na raiz de seu desequilíbrio e de todo o sofrimento que enseja.
Palavras-chave: Tempo, Candomblé, Ktembu.

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